





Discurso de Abertura
Querida Irmã Maria da Glória;
Excelentíssima Irmã Otília Gonçalves, Irmã Superiora e Representante da Entidade Titular do nosso Colégio, a Congregação da Irmãs de S. José de Cluny;
Ilustre e muito prezada Direção Pedagógica do Colégio da Rainha Santa Isabel, aqui representada nas pessoas da Dr.ª Alexandra Sá Marques, Diretora Pedagógica, do Dr. João Oliveira, Diretor Pedagógico-Adjunto, e da Dr.ª Ana Isabel Athayde, membro da Direção;
Distintos colegas e Caríssimos alunos,
A 3.ª edição do Torneio de Debates do CRSI nasce como desígnio de dar voz ao nosso Tema Cultural – «ONDE ESTÁ O TEU IRMÃO? RECONHECE-O! VALORIZA-O! AMA-O!». No âmbito destas exortações, que não podiam estar mais em sintonia com o exemplo dado pela vida e a obra da nossa Madre Fundadora, o Torneio de Debates tem como principal objetivo ajudar a despertar em vós, alunos e alunas, um olhar atento sobre a Humanidade no sentido de reforçar a vossa vontade de intervenção cívica para a construção de um mundo melhor. Neste pressuposto, o Torneio de Debates procura promover a liberdade de expressão, a liberdade para questionar e pôr em causa e, principalmente, a liberdade de afirmar e defender uma perspetiva a que se adira: exercitando a retórica e incentivando o cuidado formal na preparação das exposições, demonstrando consideração pelos adversários e reconhecendo o seu efetivo papel como colaboradores num diálogo que se pretende sempre orientado para a verdade e um instrumento privilegiado de participação social, de procura da justiça e de serviço ao OUTRO.
Permitam-me ainda, nestas breves palavras de abertura, aproveitar a oportunidade que elas me dão para direcionar a minha intervenção no sentido de vos falar da importância do exercício da cidadania pelos Jovens. Daqui a sensivelmente 6 meses celebramos os 50 anos do 25 de abril de 1974. Quantos de nós é que, para além do superficial conhecimento de que foi uma efeméride ancorada num passado não muito longínquo, já se interrogou sobre o verdadeiro significado de vivermos num regime democrático depois de termos vivido durante décadas num regime autoritário? Muito, muito, muito poucos. Demasiado poucos! Com efeito, os que viveram a revolução tem tendência para não se lembrar disso, acreditando que essa data, por si só, possui um relevância e vigência eternas. Já os jovens, uma parcela substancial da população portuguesa, uma vez que não eram nascidos há 50 anos, dizem: «o que é que nós temos a ver com isso? A nossa democracia está estável, madura de 50 anos, em modo de piloto automático, não temos nada para lhe acrescentar».
Porque em boa verdade, caríssimos alunos e alunas, todos somos peças fundamentais para o motor da nossa democracia, e podem crer meus amigos, como dizia Winston Churchill, ela não é um regime político perfeito, mas até agora não inventaram nenhum melhor, cabe-nos a nós, enquanto vossos professores, deixar aqui um apelo muito vincado para que exerçam entusiasticamente o vosso direito de cidadania. Fazê-lo, é manter a Democracia viva, porque ela só se cumpre verdadeiramente quando assegura a todos, sem excepção, mais do que a possibilidade, o dever de participação! Ela, a democracia, apesar de tudo, está a cumprir o seu dever, resta-nos a todos nós cumprir a nossa parte. Por conseguinte, insisto e repito, não abdiquem do exercício pleno dos vossos direitos. E votar, daqui a um ano ou dois, é apenas uma pequenina parte desses direitos. Reflictam. Associem-se em organizações de beneficência. Filiem-se em partidos políticos ou então fundem os vossos próprios partidos. Façam voluntariado. Vão à procura do vosso irmão ajudando o próximo, «o doente, o faminto, o sedento, aquele que não tem roupas, aquele irmão pequenino que não pode ir à escola, o encarcerado, a vítima da guerra, o refugiado». Discutam as vossas opiniões. Estudem para as sustentarem. Manifestem-se. Vão a museus, ao cinema e ao teatro. Leiam jornais e mantenham-se informados sobre o País e o Mundo! Leiam livros! Viajem. Conheçam o mundo, a história, a cultura e a arte. Deixem-se levar pela sua beleza e pela sua verdade. Sejam cidadãos de corpo inteiro, com juízo crítico. Tenham uma voz activa. Foi para todos termos esta voz que o 25 de Abril foi feito!
Termino este discurso, com as palavras sábias do antigo Presidente da República, o Professor Doutor Aníbal Cavaco Silva – passo a citar: “Não é justo para aqueles que se bateram pela liberdade, tantas vezes arriscando a própria vida, que a geração responsável por manter viva a memória de Abril persista em esquecer que a revolução foi um projecto de futuro e que, por ter sido um projecto de futuro, deve continuar a ser um sonho inspirador e um ideal para as gerações vindouras. Num certo sentido, o 25 de Abril continua por realizar. Naquilo que continha em termos de ambição de uma sociedade mais justa, naquilo que exigia de um maior empenhamento cívico dos cidadãos, naquilo que implicava de uma nova atitude da classe política, há ainda um longo caminho a percorrer. A juventude é o verdadeiro horizonte de qualquer comemoração do 25 de Abril verdadeiramente digna desse nome. O 25 de Abril, não é monopólio de uma geração nem de uma força política. O pluralismo que inaugurou leva a comemorá-lo pensando na salutar diversidade de opiniões, no confronto de tendências e de visões do mundo, na livre expressão das ideias, no legítimo exercício de criticar e discordar. Acima de tudo, leva a comemorá-lo pensando que o 25 de Abril é cada vez mais daqueles que nem sequer o viveram”. Fim de citação. Muito obrigado!